domingo, 25 de abril de 2010

À Paulo Mendes Campos


O amor começa. Em qualquer esquina, a qualquer segundo, em qualquer teatro ou cafeteria, o amor começa. Começa num piscar de olhos, num toque de mãos à beira da hesitação; o amor pode se revelar num cheiro, numa música, numa dança. O amor começa num cinema, aos passos de um filme qualquer, entre beijos trocados, línguas entrelaçadas, incansáveis e excitadas, na penumbra de uma estória.

E o amor, ao começar, se transforma. O amor, no Rio, vira matéria de jornal. Em São Paulo, vira uma peça. Na Itália, o amor vira tarantella. Em Hollywood, cinema. Em Paris, vira romance. Em Brasília, o amor vira concreto. No interior, o amor vira fofoca. Em Recife, vira sotaque. E o amor que é amor vira e revira em sexo.

E assim o é em qualquer lugar. Em Brasília, o amor começa na esplanada, se perdura por debaixo dos prédios, entre quadras, na fumaça de cigarros, ou ao soar das comerciais. No hemisfério norte, o amor começa no esquentar do inverno. No hemisfério sul, o amor começa no pular de um carnaval. No Japão, o amor começa num olhar mais puxado. Mas em qualquer lugar do mundo, o amor começa de urgente, e para sempre

(...)Mesmo que um dia acabe.

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